domingo, 30 de agosto de 2009

A inquietação

Dizem que a reflexão acalma a inquietação e, é o que anda fazendo em uma busca dos por quês. Quem sabe a resposta chegue para acalma-la ou talvez nunca a encontre. Só sabe dizer que esta inquietação é cíclica . Faz parte da sua personalidade ser assim. O que a desencandeia as vezes pode ser algo por demais banal ou um grande acontecimento que por coincidência agora, está nos preparativos da cerimonia de casamento de seu filhote, um grande acontecimento para uma mãe que vai ter o privilégio de entrar com o filho na Igreja. Essa é a minha personalidade, o meu jeito de ser , a minha sinceridade , a minha breguice coruja de mãe e a mulher que sou. Tenho o meu olhar próprio para o mundo, o meu humanismo, minha filosofia de vida , visões do mundo que são construídas ao longo dessa caminhada de um viver. Essas inquietações costumam ser um amadurecimento de ideias a busca quem sabe de novos rumos em nossas vidas. É nesses momentos que reiventamos nossas vidas , que ganhamos sabedoria e o equilíbrio para viver as horas certas e também incertas pois nunca temos certezas de nada. Penso que ao refletir sempre aprendemos algo. A vida é uma eterna aprendizagem, ao pensar nossas inquietações surgem muitas luzes no horizonte com novos rumos. Espero sempre rumos melhores. A vida é feita de desafios...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Cora Coralina (poema inédito)

"Quem me dera ser a andorinha
que levanta suas plumas azuis,
varando o espaço em busca da luz,
de claridades!"

Cora Coralina - 120 anos de seu nascimento

Anna Lins Guimarães nasceu em 1889 na cidade de Goiás Velho e morreu em 1985. "Ela aprendeu lendo,observando, conversando com as pessoas", conta sua filha a escritora Vicência Bretas Tahan. A pouca instrução formal não impediu Cora de desenvolver o talento como conferecista, escritora, declamadora e jornalista. Passou a assinar Cora Coralina para se diferenciar de muitas Anas que homenageavam a padroeira da região. Aos 21 anos, apaixonou-se pelo advogado e jornalista Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas. Cantídio era mais velho, separado e pai de uma filha ilegítima com uma índia, um relacionamento polêmico para a época. Aos 22 anos Cora Coralina partiu com ele para o interior de São Paulo, levando a filha índia. Teve cinco filhos. Deixou de escrever por causa dos ciúmes do marido. Cora despontou como ambientalista, que arborizou a cidade com mudas de árvores. Em 1929, mudou-se para São Paulo. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932 militou como enfermeira. Dois anos depois, Cora ficou viúva e precisou lutar para a sobrevivência. Montou uma pensão e foi vendedora de livros de porta em porta. Foi comerciante de tecidos e sitiante que lutava pelos lavradores. Esse senso social lhe rendeu um convite para concorrer como vereadora em Andradina. Ela não ganhou, mas ter participado de eleições foi uma grande vitória feminina para a época . Depos de 45 anos , Cora volta para sua terra, aos 67 anos, e nasceu a doceira, para poder comprar de volta a Casa Velha da Ponte, onde viveu na infância. No imóvel funciona o museu Casa de Cora Coralina. Foi nessa casa que Cora Coralina iniciou os registros do primeiro livro, publicado aos 75 anos. Na verdade Cora Coralina começou a escrever aos 14 anos , apesar das barreiras por ser mulher.
Cora Coralina uma mulher extraordinária, não precisava ter escrito nenhum poema para ser um símbolo feminino de luta, altivez e dignidade. Uma belíssima biografia !

Cora Coralina (1889 - 1985 )

sábado, 22 de agosto de 2009

Essas tradições...


Tenho vontade de não pensar e muito menos escrever sobre determinados assuntos. Mas para parar de pensar é melhor escrever sobre o assunto que vem martelando minha cabeça. Olho do lado direito da tela de meu computador e vejo uma manchete: "Cunhada de diretor estreia em novela..." Sim parece que não tem importância mas, tem tudo haver com o que acontece no Brasil, a tradição do nepotismo que está arraigado em todas esferas públicas e privadas. Divertido isso: pai, mãe, filho de ator, atriz ou diretor tem emprego garantido. Agora talento, que é bom poucos convencem. Estão lá nas novelas, seriados, jornais e o que mais tiver. E na política que mais nos incomoda, o nepotismo é como uma praga. A família toda tem emprego de filhos a primos uma verdadeira casta. E nos cargos políticos aí a situação é deplorável pois, os feudos passam de gerações a gerações. Agora mesmo o Senado Federal vive mais uma crise e esse" Fora Sarney", já ouvimos também com outros nomes como " Fora Collor", "Fora Renan", e um não muito longe escândalo do Painel violado (se é que não foi fraudado em votações, será que ninguém pensou nessa hipótese?). Um dos violadores é hoje Governador. O que acontece, com esses ilustres senhores, nada. As leis são capengas permitem que renunciem e voltem a se candidatar ou cumprem oito anos e voltam fagueiros e mais animados a nos afrontar. Penso que culpar os eleitores que votam nesses sem ética, seria uma injustiça. O cerne da questão está nos Partidos Políticos que formam chapas com pessoas de condutas desonestas, verdadeiras escórias de nossa sociedade. Os Partidos são também feudos de umas poucas famílias e não tem espaço para novas lideranças. E quem deveria fiscalizar esses partidos para que tivessem o cuidado de não nos apresentar pessoas com condutas sem ética e praticar a democracia não faz nada. Interessante temos Justiça eleitoral que nos obriga a votar e as vezes com dificuldade para escolher um candidato com o perfil de honestidade e comprometimento com o país como desejamos. Será que essa mesma Justiça não deveria ter Leis para moralizar os Partidos Políticos? Imaginar que faremos uma limpeza no Senado e Câmara com o voto é ingenuidade e "Fora Sarney" é outra bobagem, quem o elegeu Presidente do Senado são seus pares que são tão culpados quanto ele . Quantos participavam e participam das benesses? Ali, será que tem alguém que se salva? Na verdade a única forma que pode nos socorrer (precisamos ser socorridos!)é pressionar para Leis que não permitam que se candidatem cidadãos com problemas de condutas e sem ética, que antes de candidatarem passem por um crivo da Justiça e um sonho acabe o nepotismo de cargos políticos. Pai político, que o filho não possa se candidatar enquanto o pai não sair da vida política. Nosso País não merece viver o tempo das Capitanias Hereditárias até hoje. Continuo a sonhar...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Silêncio


Em uma entrevista foi feita a seguinte pergunta para José Miguel Wisnik :qual é o futuro da intelectualidade no mundo virtual hoje? Depois de um silêncio reflexivo :" O lugar do intelectual se dissolveu no conjunto de uma sociedade descentrada, em que a informação se multiplica continuamente. O pensamento é uma espécie de parada que você dá para questionar tudo, mas vivemos num mundo que não faz paradas. Vivemos a instantaneidade em processo, em uma aceleração que não dá espaço para a pausa. O pensamento depende dessa parada".

José Miguel Winisk um intelectual dos mais brilhantes: pós-doutor em literatura, cantor, escritor,compositor e uma infinidade de atividades como palestras em seminários sobre literatura e música.

Poema de Cecília Meireles


Não tem mais lar o que mora em tudo.
Não há mais dádivas
Para o que não tem mãos.
Não há mundos nem caminhos
Para o que é maior que os caminhos
E os mundos.
Não há mais nada além de ti.
Porque te dispersaste...
Circulas em todas as vidas
Pairas sobre todas as coisas
E todos te sentem
Sentem-te como a si mesmos
E não sabem falar de ti.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Reinventar a vida

Blog ou Bode, como disse em um texto super bem humorado a nossa amiga Cris, que tem um belo Blog "Canto de contar Conto". Gosto de refletir, certo é que devo estar com o bode e não o "A vida e realidade". Essa inquietação faz parte da personalidade nossa, sempre que lembramos da palavra aniversário. A vida que como chamo aqui de sonho, precisa continuamente ser reinventada, pois senão somos engolidos pela realidade. Daí a tal de inquietação, não pelos outros mas por mim mesmo. Na verdade um blog ou o que escrevemos em um pedaço de papel(nem escrevo mais em papel já faz tempo)é uma forma de exteriorizar nossos pensamentos de até nos atualizar com a palavra, não perder a nossa capacidade de articular ideias. E a questão é essa, se escrevemos o que pensamos as inquietações aparecem. Procuro escrever sobre a vida e a realidade não só minha, mas do que anda pelo nosso cotidiano. A minha caminhada pessoal já vem de longe, já reinventei a vida (sonho) diversas vezes. Isso faz parte da tragetória de todos nós caminhantes que somos. Um dia pensei que era uma pessoa predestinada, o sonho acontecia maravilhosamente. Até que a realidade chegou como a força de um turbilhão e aquela construção de sonho feita tijolo por tijolo com esforço, grande amor e paixão balançou sua estrutura como se de repente viesse ao chão sem dó nem piedade. Com esforço de quem acredita na vida (sonho) a construção ficou de pé. Só que tudo mudou. Nada era igual. Tudo teve que ser reinventado, como as melhores construções não são destruidas o que era de melhor continuou a dar sustentação ao novo, ao desconhecido. As inquietações acontecem, talvez até por uma falta de talento meu para expressar o que vai em minha alma ou mesmo por ser uma crítica de mim mesmo.

domingo, 16 de agosto de 2009

Blog maneiro.


O tempo passa em um piscar de olhos, hoje vi no calendário que esse blog está em mês de aniversário. Completa exatamente 1 ano, em 22 de agosto. Não é meu primeiro blog. Já fui blogueira em outro espaço, escrevia sobre diversos assuntos em uma linha mais engajada e crítica. Este meu blog era um pedregulho sem imagens e sem medo de falar sobre os mais diversos assuntos. Interessante que em 14 meses de vida recebeu para ser exata, 44.555 mil visitas. Só que muito poucos comentários e assim mesmo quando as postagens eram suaves, com poemas, as polêmicas ninguém tinha coragem de comentar. Um belo dia resolvi colocar um fim e o deletei sem dó ou piedade. Meus filhos e amigos reais lamentaram o fim do bloguito falante. Fiquei pouco tempo sem escrever e resolvi criar aqui um blog mais comportado e foi assim que nasceu o "A vida e realidade ". Agora começo a ficar meio incomodada sobre o que fazer com esse bloguito maneiro. Sim maneiro pois não é nem um pouco provocativo, como minha personalidade. Aqui vejo que tive até agora 2700 visitas em meu perfil. O que considero ótimo pela minha proposta de escrever mais para mim. Houve um tempo que nem seguidores conhecidos possuia, não falo para as pessoas de meu relacionamento que tenho um blog. A minha primeira visita e seguidora foi a Regina (uma tigresa que virou uma gatinha), tenho uma grande admiração por ela e seu blog "Devaneios de uma vida". Amiga por demais generosa e surgiram mais alguns muito queridos, que me fazem feliz e ao mesmo tempo balançar na inquietação de mudanças ou ponto final. É bom fazer aniversário sim. Só que sinto incomodada e pensativa nos objetivos propostos. Tenho um perfil mais engajado e crítico. Aqui fiz bem diferente, do que deveria ser feito. Será?

sábado, 15 de agosto de 2009

Um adeus


Logo pela manhã recebe um telefonema, quase um pedido de desculpas. Só que ela não é muito adepta de desculpas. Sabe que pedir desculpas é fácil. Vale mais para quem faz o pedido, não é uma certeza de mudanças de comportamento. Ela em sua franqueza deixou claro o que pensa sobre determinadas atitudes. Uma pena que parece não foi levada a sério. No outro dia a tarde de im. Ela não sente nem um pouco comovida. Ela sabe dizer adeus quando lhe convém, sem nenhum novo um telefonema, como se houvesse esquecido que poderia não ser bem recebido. Mas parece que não entendeu ou finge que tudo está como antes. Que engano! Atende e sorri da ingenuidade da pessoa em não acreditar nas palavras dela. Seria mais inteligente dar um tempo. Conversa amigável, acredita mesmo que colocou um ponto final no assunto, que foi bem entendida em seu ponto de vista. Só que não e, como tem pessoas que não tem intuição, sentem uma segurança onde não existe nenhuma, acabam metendo os pés pelas mãos. E a noite a feliz pessoa volta a ligar, só que não é atendida, insiste várias vezes no celular. Como ela não atende, recorre ao telefone fixo acordando a casa inteira provocando indignação nela, que resolve falar com frieza. Continua firme em seu ponto de vista. Sempre sente-se até superior pela sua firmeza quando toma uma decisão. A outra pessoa finge não acreditar e insiste que vai esperá-la. Esperou sentado e provavavelmente vai continuar assremorso...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Alma de uma mulher



As vezes desperto curiosidade entre as pessoas que se aproximam de mim ou que me conhecem de longa data. O motivo é bem simples: a adaptação da vida depois de perdas imensuráveis e a capacidade de se manter com otimismo, esperança, ser seletiva em seus relacionamentos e continuar a caminhada sem se preocupar com apoios de ocasião. Realmente não é fácil caminhar sozinha, quando sempre tivemos um companheiro especial presente em todos momentos. Penso que a solidão é inevitável na vida de uma mulher, mesmo que tenham companheiro, família, amigos, profissão e uma vida social intensa. A alma feminina tem uma natureza reflexiva. Ch, poisegamos a determinada idade, que não temos mais a necessidade de nos afirmar como mulher já vivemos muito das nossas melhores expectativas de realizações. Essa enclusilhada da vida não é tristeza, depressão ou sentimentos de derrota, mas é a busca para prencher um vazio, a nossa necessidade de buscar outros espaços na vida. Uma outra construção, a busca de outro sentido para vida que só a mulher em sua solidão é capaz de encontrar ao interrogar sua alma. Creio que o homem não consegue se aprofundar em si mesmo por ter grande dificuldade de introspecção na solidão. A mulher tem esse dom de reiventar a vida sem passar pelos desvios da estrada que o homem comumente passa, batendo cabeça. Ela sabe viver a solidão, mergulhar em sua alma. Assim nasce uma mulher criativa, com mais intuição, sabedoria e sensibilidade. É uma nova maneira de ser: é compreensiva, gosta de dar colo, como também o aconchego, não se preocupa com superficialidades, cultiva sentimentos nobres e verdadeiros. Depois das perdas pelos caminhos da vida precisa reinventar outros atalhos com mais segurança e firmeza . Afinal tem um rumo certo e capacidade de enfrentar os obstáculos com dignidade e altivez. No mar de sentimentos sabe vir a tona, tem a certeza que não se afoga. Sabe mergulhar nesse mar que é sua alma. Ela vive o presente (para que se afobar com futuro?), abre a janela de sua alma para o sol da vida entrar, apreciando seu calor e sua claridade que a faz mais feliz. Gosta de ser e sentir assim, é esta sua atual identidade forjada com alegria, dores, acertos e erros. Gosta de olhar para dentro de si, nessa solidão amena em que consegue se ver nua e crua, sem as frescuras comuns em quem não tem capacidade de mergulhar em si mesma. Que vai ter erros e acertos, sabe que sim, alegrias e dores também. Mas não se martiriza. Talvez seja esse o segredo das pessoas que tem perdas ou chegam a maturidade com alegria, amor e paixão pela vida . É difícil ser uma mulher só, ainda mais com personalidade, pois pode despertar pequenos temores bobos para quem tem insegurança. Nunca gostou de impor sua presença, sabe ser discreta, ainda mais agora.
Quem gosta de sua companhia é para valer. É a saga de uma mulher que gosta de si mesma.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Dia dos pais

Dia dos pais, uma data comercial que o sistema usa para uma onda de consumismo e lucro em nome do amor que temos para os nossos pais. Tudo bem que cedo aprendemos e ensinamos nossos filhos que os sentimentos são mais importantes que a parte material . Um abraço, um pequeno cartão com nossa declaração de amor é muito mais valioso que o mais caro presente. Ao mesmo tempo nunca nos furtamos de comprar um presente para nosso pai. E aí por circunstâncias da vida, sofremos. Aqui em minha casa o dia dos pais não foi dos mais felizes, eu por uma graça divina tenho meu pai junto a mim (desde que minha mãe faleceu ele mora comigo). Mas meus filhos perderam o pai e sofrem com a perda, nessas datas as lembranças voltam mais fortes. Logo de manhã ao acordar recebo um telefonema de minha filha que chora por não ter o abraço do pai, tento argumentar sobre a presença do pai junto a ela, mas sei que é difícil o convencimento. Os jovens querem a certeza do contato físico. Penso, que me falta sabedoria para consolar esse vazio da perda não de um pai comum, mas um pai por demais especial. Choro com ela, tento dizer que é melhor chorar a perda do que nunca ter vivido momentos tão lindos com o pai. Já o irmão não diz nada mas vejo uma lágrima furtiva prestes a cair . Faz um esforço para que a mãe não perceba. Hoje levantou para ir ao trabalho e disse que sonhou com o pai. Fico de coração partido. Na verdade as dores e alegrias de nossos filhos são também nossas. As mãe sempre têm as maiores alegrias e dores por seus filhos. Fiquei de coração partido. As vezes somos aprisionados pelo sistema. Só que é uma questão de maturidade, meus filhos um dia vão entender certas convenções como superficialidades. E não vão sofrer pelo dia dos pais pois verão que o amor,a adimiração, o carinho pelo pai em vida foram por demais gratificantes para eles e para o pai muito amado.

Selo da Cris


Com grande alegria recebi da amiga Cris, do blog "Canto de Contar Contos" esse selo que além de representar a consideração por mim, vem como símbolo de determinadas qualidades pessoais que devemos procurar para sermos melhor: sabedoria (como preciso??), a paz (recebi esse presente de Deus) educação (preciosidade que devemos buscar com obsessão) e cuidar da aparência (a física cuido bem; agora mostrar o que não somos, abomino).

Querida amiga Cris você com sua generosidade com seus recadinhos afetuosos que me fazem tanto bem, certamente não imagina a minha gratidão por essa honraria. As vezes temos responsabilidade dobrada em não desejar desapontar os amigos. As vezes o tempo é escasso e ficamos devendo escrever postagens de melhor qualidade. E chegamos a pensar em dar um tempo. Mas vem um presente, um recadinho carinhoso. Aí ficamos...por aí.

sábado, 8 de agosto de 2009

Pai



Ao falar sobre pai sou tomada de uma emoção maior, não só por ser uma filha privilegiada por ter um pai amoroso, exemplo de vida, dedicação e de uma sabedoria imensa, mas também por sermos de uma família onde os pais tem uma tradição de amor aos filhos sem igual. Meu pai hoje, um velho jovem que com energia e força, supera a perda da minha mãe sua companheira inseparável. Um espelho para as filhas e netos. Recordar nossa infância é ver a figura incansável de meu pai. Um pai que chegava do trabalho, mas encontrava tempo para ensinar catecismo para as filhas, fazer chás quando estas adoeciam, preparar o leite que a do meio gostava tanto. E as brincadeiras que as filhas tanto gostavam: serem colocadas nos baláios de carga dos burricos ou aprender a montar os cavalos. Um pai que levava as filhas nas plantações de melâncias e ao colhê-las as colocava nas águas nascentes para esfriá-las para que as meninas pudessem saborear. Um pai que gostava de cozinhar (cozinheiro de mão cheia) para agradar as filhas. Um pai paciente, cuidadoso não só com as filhas, também com as nossas amigas. As filhas cresceram em um ambiente harmonioso e de muito amor. Hoje devo ao meus pais o orgulho de ser mulher, pois em uma casa onde só nasceram mulheres e em uma época em que os pais desejavam filho homem, nossos pais sempre ressaltaram a alegria e preferências por ter filhas. Penso que foi exencial para termos segurança e independência em uma época de um mundo bem mais machista que atualmente. Agora que era um pai exigente com os estudos, os locais onde as filhas frequentavam, horário de chegada em casa a noite. Coitada da minha mãe sempre a mediar! Valeu meu velho!
Minha homenagem não poderia deixar de falar do pai de meus filhos, pai presente em todos segundos da vida dos dois filhos . Na gravidez , desde os primeiros banhos, mamadeiras, troca de fraldas. Pai que se emocionava quando olhava para os filhos (os olhos marejavam). Jamais levantei só para cuidar de meus filhos, o pai sempre foi o primeiro a levantar ao primeiro resmungar. E com os filhos já adultos nos dias frios o pai ia cobri-los. Pai que no momento de deixar- nos para outra dimensão, falou-me que estava deixando toda sua energia para mim. Na verdade hoje me tornei mãe e pai. Meus filhos em todos momentos de suas vidas tiveram o melhor pai do mundo. Somos uma família abençoada por ter os melhores pais do mundo.
Aos meus amigos a minha homenagem à seus pais e um feliz dia para todos.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Saudade


Quem disse que saudade doi
Saudade não doi
Saudade é terna
Saudade é doce
Saudade é carinho
Saudade é amor
Saudade é paixão
Saudade é vida
Saudade é sentimento
Só sente saudade
quem ousa viver
E só se tem saudade
do que realmente valeu
apena ser vivido.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Clube da Esquina



Passadas quatro décadas, o Clube da Esquina é hoje um marco da cultura brasileira. Não é fácil entender a dimensão da obra de Milton Nascimento, Lô Borges, Fernando Brant, Beto Guedes, Toninho Horta e outros músicos e poetas. É importante a ligação da obra com o seu tempo - as marcas políticas e estéticas - e também sua porção livre e atemporal, que se relaciona com a dimensão filosófica e poética das canções. O esforço de pesquisar e entender as duas dimensões desse movimento musical é que em um trabalho acadêmico de uma dissertação de mestrado da UFMG, surge um ensaio criativo em que reúne erudição, prazer e sentimento. Dessa dissertação nasce o livro: Som imaginário- A reinvenção da cidade do Clube da Esquina, de Bruno Viveiros Martins. O primeiro impacto das canções do Clube da Esquina, foi artístico. Com sonoridade om única, que agregava elementos populares e eruditos, jazz e rock, vazado por uma poética sofisticada, que parecia romper com o coloquialismo conquistado pela bossa nova para propor novas metáforas, as músicas se tornaram em seguida plataforma de uma geração, um modo de sensibilidade. Para isso, se relacionava com o contexto político de ausência de liberdade e cares de renovação utópica soprados pelos movimentos herdeiros de 1968. Se as canções emocionavam pela beleza, logo se mostravam argutas pelas estratégias artísticas. Tratava-se de uma música diferente, que dizia coisas diferentes. O método de Bruno Viveiros Martins percebe essa novidade e extrai dela todo o conteúdo explicativo possível. Com o objetivo de entender o sentido histórico da experiência do Clube da Esquina, o autor dividiu sua pesquisa em três partes, que se articulam internamente. Na primeira, analisa o clube como obra coletiva que propõe um olhar sobre a realidade que o cerca (espécie de biografia intelectual de uma geração, recupera elementos da história de Belo Horizonte ( a rica vida cultural do périodo ), os clubes com seus limites de classe, os inferninhos, os bares onde se tocava jazz. O autor também recupera informações sobrea música colonial mineira, compara o projeto coletivo dos discos do Beatles e The Who com o primeiro disco do Clube da Esquina, volta no tempo do gosto do mineiro com o cinema europeu, chega aos bares que ainda hoje definem o jeito de se relacionar tendo a rua como cenário. Com enfoque histórico, busca na ligação com o ouro e com as viagens algumas características atávicas que se mostram nas canções: o gosto de sonhar o destino da política, o prazer do compartilhamento. A segunda parte tem como tema a amizade. Diferentemente do momento atual, em que a amizade aparece à intimidade ou à família, para os integrantes do Clube em seu périplo pelas esquinas, trata-se de um fenômeno político. A amizade realiza, na cidade ,na praça republicana, o propósito de participar da vida, de interferir em direção à maior liberdade e fraternidade. Uma reinvidicação da política com o objetivo de melhorar a vida na cidade. Bruno Viveiros Martins busca na literatura outros exemplos da construção política da amizade, trazendo para o mesmo contexto o quarteto de Encontro marcado, de Fernando Sabino, o círculo complexo das figuras humanas e ideológicas de O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos. São romances da procura e do encontro, da amizade e da política, do aperto de contigências e das promessas de superação. O historiador sem perder a violência do momento pós o AI-5, dialoga com Maquiavel (fortuna), La Boetie, Montaigne e Richard Sennet. O última parte mostra como as canções, depois de viajarem pelas cidades e amizades, vão compondo um panorama que aponta para a construção da cidade ideal, uma cidade que é também obra de arte . Nesse projeto, surgem junto a Belo Horizonte outros sonhos de cidade, na busca de um ponto de encontro entre o projeto político e o pensamento estético. Que as músicas do Clube da Esquina ainda encantem é sinal duplo de sua pertinência: são belas e são necessárias. As canções do Clube da Esquina são um convite à beleza que trazem junto o compromisso com a política.

Obs: fonte: Caderno Pensar- Jornal Estado de Minas.