segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Lembranças.(Autora :Graça Penna Guerra)


A volta para casa depois de uma viagem é sempre uma alegria, novidades mil. Agora encontrar uma irmã muito querida, depois de algum tempo por motivos que são próprios das vicissitudes da vida; é uma emoção sem igual,o calor de um abraço, duas vozes soam ao mesmo compasso de uma exclamação:Oh,minha irmã querida! Duas irmãs inseparáveis sempre. Vivem hoje distantes fisicamente, mas presentes em pensamentos; os corações e almas unidas. Parece que foi ontem a infância e adolescência de ambas. Uma diferença de cinco anos nunca as separou e agora maduras deixou de existir. A irmã mais nova quando a noite todos dormem, decide fazer uma homenagem a irmã. Não encontra dificuldades, pois já faz tempo, escolheu uma seleção das músicas que um dia ouviu quando criança e que embalavam a adolescência e os namoricos da irmã mais velha. O som logo traz as imagens de um passado tão bonito, como também de perdas recentes que vieram marcar a ferro e fogo as existências de ambas. As lembranças fluem: as "paquerinhas",os pretendentes tantos com suas peculiares formas de conquistar... eram mostrados dotes musicais com instrumentos ,vozes e até assoviavam músicas de manhã cedinho como um despertador. Como era bom morar em um casarão antigo com andar alto em que as janelas dos quartos tinham vistas para a rua. Assim sem pudor viamos secretamente quem era o autor de tamanha façanha, ser um despertador musical. E a irmã protetora que não deixava os mais afoitos aproximarem da irmã mais nova... As lembranças fazem com que as duas dêem boas risadas. E vão desfilando nomes e imagens dos bonitões... As músicas tomam o ambiente por inteiro. Um silêncio quase sagrado invade o coração da ambas. Tem um mesmo pensamento: a mãe que sempre esteve presente. Sabem que ela não estará mais ali ,esperando-as chegar a noite, não encontrarão a cama macia já pronta para o sono despreocupado das felizes e leves jovens; mediar com o pai rigoroso as horas que deveriam estar em casa e que ambientes poderiam frequentar.
Hoje as duas é que norteiam a vida do pai. De repente as duas caladas, fixam suas mentes em suas emoções. Sentem a presença dela, com seu físico frágil,mas forte no seu amor. Amor de uma mãe dedicada que ultrapassa todas as fronteiras,mundos, vida ,morte, impossível definir as emoções das irmãs ali, pensativas. As duas sentem que precisam dormir já é madrugada... Mas como sair dali, do enlevo mágico, daquela presença materializada que as abraça com força, numa intensa vigília com seu instinto materno, que vem se fazer presente, para suavizar a dor de sua ausência e da imensa saudade que deixou.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O TEMPO (AUTOR PABLO NERUDA).


DE MUITOS dias se faz um dia,uma hora
tem minutos atrasados que chegaram e o dia
forma-se com estranhos esquecimentos,metais,
cristais,roupa que seguiu nos recantos,
predições,mensagens que não chegaram nunca.

O dia é um tanque num bosque futuro,
esperando,povoando-se de folhas,de advertências,
e os sons opacos que entraram na água
como pedras celestes.

E na margem
ficam pegadas douradas da raposa vespertina
que como um pequeno rei rápido quer a guerra:
o dia acumula em sua luz fibras e murmúrios:
tudo surge de repente como uma vestimenta
que é nossa,é o fulgor acumulado
que guardava e que morre por ordem da noite
derramando-se na sombra

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

CONSELHO (AUTOR : FERNANDO PESSOA)


CERCA DE GRANDES muros quem te sonhas.
Depois,onde é visível o jardim
Através do portão de grade dada,
Põe quantas flores são os mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não nada.

Faze canteiros como os que outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim como lho vais mostrar.
Mas onde és teu,e nunca o vê ninguém,
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.

Faze de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém; que veja e fite,possa
Saber mais que um jardim de quen tu és-
Um jardim mais ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A Alma de Brasília.(autora Graça Penna).




Vivo a passagem para o Ano de 2009 na cidade de Brasília a capital do Brasil,uma cidade que nasceu para brilhar! Uma cidade embalada como a "Capital da Esperança" concebida por brasileiros visionários. Sua localização no planalto central brasileiro,na nossa famosa terra do serrado que teve que ser desbravada por homens fortes, pioneiros "candangos"que vieram de todos os Estados da Federação do Brasil. Brasília que nasceu sob o signo da Esperança, fica no encontro de dois Meridianos. Cidade medianeira que tem vocação para mediar, onde convivéem bem todas etínias, religiões (impressiona onde são construidos os Templos de todas as religiões Orientais e Ocidentais) harmoniosamente, como mais uma peculiaridade dessa cidade com vocação de respeito as crenças e culturas de todos os povos do mundo. Brasília inspira a paz,o respeito que deveriam existir entre os povos. Sentimentos de esperança nos valores humanísticos, revivem nossa certeza que podemos viver em paz e respeitar as diferenças e abraçá-las como um complemento de culturas que se somam para o grandeza humana. Quando olhamos o Setor de Templos sentimos a alma de Brasília. Esta cidade para mediar ,unir os brasileiros e exemplo para todos os povos que se degladiam como feras e são preconceituosos na convivência com os imigrantes. Que cidade linda, arquitetura do nosso Mestre Oscar Niemayer se destaca pela modernidade harmonica, arrojada, uma cidade que veio revolucionar tudo que existia antes que chamamos de cidade e de Arquitetura. E também o Mestre Lúcio Costa que criou o projeto da cidade com suas belas características em um formato de avião e privilegiou o verde. Olhamos seus parques verdes entre as chamadas Quadras residenciais e comerciais e seus Setores tão distintos: Poderes Da Repúbica, Embaixadas,Hospitais ,Templos, Clubes,a famosa Universidade De Brasília,etc., seus verdes parques seu céu de um azul limpo com a claridade sem nuvens e seu pôr -do-sol com reflexos de seus raios no Lago Paranoá; não temos dúvidas estamos diante de uma Divindade. Esta cidade no Centro do Brasil veio para mediar, ser um ponto de convergência e união não só dos brasileiros mas de todos povos. Veio para mediar e daí talvez seja o segredo de sua exuberância. E aos brasileiros que julgam injustamente essa cidade que a chamam de" ïlha da Fantasia" de forma pejorativa por causa dos maus políticos deveriam viver Brasília,viajar pelo mundo e diriam com orgulho brasileiro dos que vivem ou nasceram aqui. É uma ilha da fantasia sim, pela preservação do verde pela sua beleza grandeza e clima de paz . A esses brasileiros orfãos da antiga capital digo:Ainda bem que quem descobre a alma e a vocação de Brasília a admira e a UNESCO fez esse reconhecimento. Venham andar a tardinha pelas ruas e parques da cidade ,com calma apreciando o verde,o céu sem preocupar com suas bolsas ou que seja lá o que for...Brasília precisamos amá-la para que conserve essa alma bem brasileira de união,amor a natureza,ao novo e a paz.