terça-feira, 20 de abril de 2010

A alma de mulher


O universo humano é por demais complexo. Os comportamentos diferem,mas sempre a que se ter alguns em comum. Sempre a observar o seu mundo, ela vê claramente certas formas de viver,de reagir ao termino de uma relação ou até perda por falecimento. Os homens em sua totalidade não ficam e não sabem estar sozinhos. Encontrar alguém é a prioridade, sem se preocupar com a seletividade. Ah,as mulheres essas sim existem diferenças de comportamentos quando se vêem sós. Umas dizem detestar solidão, sentem-se feias, marginalizadas como jogadas fora. Ter alguém é questão de honra. Seletividade não conta. Na verdade não conseguém ter uma vida interior construída por elas próprias. Existem algumas que envelhecem a espera do príncipe encantado. Outras mulheres preferem investir em si mesmas,o tesouro está nelas mesmas. E vivem bem, não se afogam nos naufrágios comuns a quem se permite viver. Gostam de estar bonitas, tem suas vaidades. Como também são doces ou fortes, alegres ou tristes como lhes apresentam os momentos da vida a ser vividos. Criam seus filhos sozinhas, trabalham, compartilham sua vida com a família, amigos e projetos comunitários. Essas mulheres tem luz própria. Cultivam sua vida interior, mergulham em sua alma e sentimentos. Gostam de ouvir música, olhar o pôr do sol, andar descalças na areia com as ondas do mar ao seus pés. Ela que faz parte desse grupo de mulheres,olha-se no grande espelho de sua casa e se acha linda.Pega a taça de vinho e leva com gosto a boca. Na sala o som da música preferida a deixa enlevada. Estar só, não significa solidão ou não desfrutar os prazeres da vida. É uma questão de saber cultivar e dar vida a nossa alma.

sábado, 10 de abril de 2010

Vento da mudança

Hoje ela acordou cantarolando a música Wind of change da banda Scorpions. Interessante que é como uma mola que salta do baú de sua memória. É um repassar a vida que em determinadas fases foi varrida pelo vento da mudança. Aos 6 anos deixa de ser uma criança rural para ser uma criança urbana. Protegida pela irmã mais velha já adolescente vive as novidades da vida da cidade. Encontra pessoas decisivas em sua formação,um vizinho professor aposentado o Sr. Raimundo que se sentia feliz em ensinar os deveres escolares para os filhos dos amigos. Ela cedo tomou gosto pelas leituras dos jornais. A sua professora primária, uma jovem maravilhosa que até hoje continua se dedicando a educação com o mesmo amor e idealismo. Aos 15 anos o vento da mudança volta como um furacão,encontra alguém que vira sua vida de ponta cabeça. O amor apaixonado chega com força provocando mudanças, construção de projetos de vida. Não esperou terminar o ensino médio, quando-se deu conta estava casada. A vida só lhe dava prêmios: tornou-se mãe,uma das experiências mais belas para uma mulher. Sentiu-se poderosa, era capaz de cuidar com o amor maior e ser responsável por alguém. Vidas entrelaçadas para sempre. E a vida continuava...Até que aquele vento de mudança chegou para derrubar uma construção de vida, tijolo por tijolo. Tudo balançava como se não fossem sobrar nada daquela construção feita com tanto amor. Mas o que o amor torna sólido não desmancha. O vento da mudança foi tão forte que levou seu companheiro como se este tivesse asas. Ele foi embora para sempre. Ela ficou ali ao sabor do vento como uma árvore a balançar, mas as raízes fortes e profundas não a deixaram ser arrastada. Vento da mudança mesmo e que mudança radical. Ela tem fé na vida e no amor. Tem tesouros. Reinventou a vida. A vida tem fases. Ela segue cantarolando Wind of change(vento da mudança)...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A religião


Existe um momento na vida em que as pessoas desejam fazer renascer tantas e tantas vivências esquecidas no baú da memória. Aquelas brincadeiras inocentes de criança,subir em árvores,nadar em rios,cachoeiras. E a adolescência no riso aberto por tudo, a música que enche o ambiente e faz dançar, os namoros carregados de sonhos e paixões. Parece um paraíso eterno sem o pecado que faz culpado quem se entusiasma e tem paixão de viver.Ela pensa que não dá para procurar esperanças em templos. A esperança está em cada um que a cultua, no seu interior. Todas manhãs quando se levanta com alegria, espanta a desesperança. As vezes ela se pergunta qual religião seguir? A que seus pais a ensinou? E a fé nos deuses onde anda?Ela não sabe. A única certeza é de sua fé na vida e no amor. Não frequenta mais templos, não acredita em certos discursos vazios. Ela é assim esquisita,mas gosta de São Francisco e do Divino Espírito Santo. Tem um coração solidário. Preocupa com o bem estar dos outros. Se precisam dela para aliviar aflições, está sempre presente. A religião dela se existisse, seria ecumênica,sem dogmas, preconceitos onde todos teriam fé no amor e na vida.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A cidade

Ela olha da sua janela a cidade no seu silêncio, como se fosse uma cidade adormecida. Nos dias calmos a cidade fica melhor, mais aconchegante com seus encantos visíveis,seu trânsito mais humano. Uma cidade que já teve seus belos horizontes abertos para todos que a amam.Hoje mesmo do alto de um prédio existem dificuldades de ver o belo horizonte que generosamente lhe deu o nome. Olha para baixo e vê duas casas sendo demolidas. Os homens com suas mãos quase prazeirosamente jogam as telhas ao chão. Ela com uma certa tristeza e curiosidade vê as casas muito bem construídas e sólidas serem demolidas. Quantas histórias e segredos de vivências guardadas em suas paredes. Ela perdeu a conta das demolições que viu da sua janela nos últimos tempos, como incontáveis prédios erguidos em um piscar de olhos. A cidade verticaliza de forma absurda e descontrolada. A população que ama essa cidade tem dificuldade de ver seu belo horizonte. A serra do Curral que ainda tenta -se acreditar ser um cartão postal existe só em seu lado vísivel, o outro lado só crateras. Uma triste herança das mineradoras. Ela olha o que resta das casas demolidas e sente pesar pela cidade, pelas novas gerações, pela história da arquitetura que está sendo apagada. Um dia não encontrarão explicação para a origem do nome da cidade de Belo Horizonte. Será que repetirá a profecia de Carlos Drummond de Andrade para certas cidades mineiras ''de ser apenas um retrato na parede''.