segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sou negro, quero liberdade (autora: Thayna Ferreira Duquinha)


Das veias D'África o negro saiu
Deixando para trás mulheres e crianças
Os quais jamais veria outra vez
Na sua bagagem apenas lembranças
De um tempo que não volta mais

Para terra distantes em mares navegou
Caminhos abertos em alto- mar
Feridas na alma
Para não mais fechar

Presos e acorrentados
Muitas lágrimas e gemidos
Açoitados e castigados
Nas senzalas machucados e feridos

Hoje luto por igualdade
Nas senzalas da sociedade
Porque sou cidadão
Quero liberdade

Obs: esse poema encontrei em um caderno Gurilândia do Jornal Estado de Minas. Penso que é um caderno restrito a crianças e não tão lido como deveria. Descobri esse poema pela minha curiosidade em ver o que anda na cabeça das crianças . Surpresa agradável, ver uma aluna da cidade de Jaguaquara- Bahia- Brasil fazer essa homenagem ao dia da Consciência Negra. O formidável é que ela é alfabetizada de fato, (tem leitura do mundo, um senso crítico apurado)e existem muitos letrados em Faculdades que não tem noção crítica do mundo em que vivem.
Compartilho com vocês essa bela surpresa! A educação é nossa esperança.

domingo, 29 de novembro de 2009

Detesto auto-ajuda


Vivo implicada com os E-mails que recebo de pessoas que nem conheço. Sou bombardeada por textos de auto-ajuda. Pregam otimismo, que chega até o exagero de condenar as pessoas que tem senso de realidade, conhecem o problema e vão a luta para resolvê-lo, mas sabem que podem ganhar a batalha ou perder. É a vida. Senso do real não é só ter pensamentos positivos mas sim saber que a vida não é só ganhos ou mar de rosa. As receitas de auto-ajuda não respeitam as peculiaridades de cada um. Façam assim para que seus filhos sejam bem educados, vencedores. Será que alguma mãe já viveu a experiência de criar filhos da mesma maneira? Tenho dois filhos; os educamos com amor, justiça e cuidados, a abordagem da educação sempre diferente, pois as personalidades deles são completamente diferentes, só se parecem na essência do amor,da amizade, ética, generosidade e unidos em todos os momentos a família. A questão é nos valorizar, acreditar na nossa capacidade de usar o bom senso, para tomar nossas decisões da melhor forma, para resolver o que a vida nos coloca. Sejam nos momentos de dor ou alegria. Imagino o sofrimento e sentimento de culpa das pessoas que não conseguem colocar esses manuais, que ensinam a viver, na prática de suas vidas. Haja frustração! A auto-ajuda parece até uma ideologia para dizer que somos incapazes de saber viver. A culpa é só do infeliz que está vivendo o problema, o mundo é "ótimo ", o que acontece a sua volta não tem culpa de seus problemas. O problema é individual. Você não decorou as "frases de efeito e otimistas" que vão mudar sua vida. E o adepto da auto- ajuda se afunda no sentimento de culpa e da incapacidade de usar a receita do sucesso. Penso, que o melhor de tudo é agir com nossa intuição, é construir nossa vida com nossas próprias forças. Ser bem sucedido e feliz não tem receita, mas sim muito trabalho, uma construção tijolo por tijolo que não termina nunca. Depende de cada um, na escolha dos valores a ser seguidos no seu caminho que se chama vida.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Convivência


Observar o mundo em que vivemos é quase uma mania para ela. Sempre aquela curiosidade com a diversidade de pensamentos e comportamentos. Conviver com essa diversidade com sabedoria é uma arte para poucos. Quem consegue transitar nesse mundo de diferenças está sempre em meio a polêmica dos contras (intolerantes) e os que gostam do diálogo(paz). E vemos todos esses conflitos de convivência desde as grandes esferas as pequenas do cotidiano de cada um. No mundinho dela existem aquelas pessoas que tem dificuldade de cuidar de suas vidas, não conseguem encontrar consigo mesmas, o chamado "Eu". Se ficam sem companhia, não tem a preocupação de serem seletivas, vivem batendo cabeça nos muros da vida. Não conseguem sentir bem em suas própria casas, se não estão rodeadas de pessoas. Sempre insatisfeitas. Nesse vendaval que andam com medo de ficar sozinhas, vivem a dar palpites na vida das pessoas que são diferentes. É comum ouvir : - Olha, porque não arranja alguém para sua vida? Ela ouve e sorri, para essas pessoas, companhia parece até que é como arranjar um objeto. Não são capazes de discernir o que é solidão e o que é encontrar com o nosso "Eu", um momento de reflexão e crescimento interior ou fazer tantas coisas interessantes que só dependem de nós mesmos. Na verdade pode -se viver a solidão, junto a uma multidão. E ao contrário jamais sentir solidão, é o caso dela. Na verdade as pessoas que não conseguem encontrar consigo mesmas pagam um preço bem triste, na vida delas tudo é passageiro, como se não tivessem raízes, tudo passa como um raio, sem boas lembranças, com gosto amargo. Ela vive esse mundinho, sem cair nessas tentações de perder o seu norte , de viver sua vida com intensidade, alegria, paixão, valorizar os momentos e a convivência humana com seletividade, saber encontrar consigo mesma para recarregar suas forças, refletir, tomar decisões para viver bem. A felicidade dela não está nos outros, mas em si mesma em cada cantinho de seu ser e de sua construção de vida.

domingo, 22 de novembro de 2009

Mulheres

Sentimos espantos com fatos polêmicos que chegam a internet, TVs, jornais, em nosso cotidiano que viram assuntos em discussões intermináveis. Um dos atuais envolve uma estudante que precisou recorrer a seguranças para sair da universidade, coberta por um jaleco, pois era xingada,vaiada e hostilizada por seus colegas. O motivo do tumulto: a estudante estava vestida com um micro vestido,um salto 15, maquiada como se estivesse em uma balada. No meio do imblógrio a Universidade expulsa a aluna por causar tumulto e andar com roupas impróprias. Discussões acaloradas mostram as divisões dos alunos e de pessoas que tomaram conhecimento do fato. Os alunos se dividem em criticar a hipocrisia social, ou estudar em uma escola que abriga estudante com essa conduta? Protestos de todos os lados, a mídia toma conta do assunto defende a estudante, um Senador se oferece para escoltar a aluna na volta a universidade uma vez que esta revogou a decisão desastrada de expulsar a estudante. Os estudantes ou qualquer pessoa que tem opinião que a aluna não se vestia adequadamente são taxados de preconceituosos. Na verdade é difícil acreditar que as pessoas ainda se preocupam em vestir-se adequadamente de acordo com o lugar. Algumas questões ficaram de fora desse debate,como o papel e que lugar ocupa a mulher na sociedade brasileira. O que ela faz para sentir-se desejada. O que é ser uma mulher? A estudante confirma que estava vestida inapropriadamente e que gosta de chamar atenção. A reação foi inesperada neste mundo permissivo de grande erotização e exposição do corpo da mulher. O que não justifica as agressões e a expulsão. As mulheres nesse quesito de se tornarem mulher-objeto, elas mesmos metem as mãos pelos pés. No Brasil a idealização da mulher desejável : é a jovem magra, linda, glamourosa, a imagem da perfeição. A moda está cada vez para as mais magrelas e jovens . As acima de 40anos tem dificuldades para encontrar roupas adequadas. A preocupação com o corpo vai ao exagero das lipos e as cirurgias plásticas (explicação para medicina estética brasileira ser tão desenvolvida). Parece que é feio envelhecer, curtir a maturidade? Ver mulheres que se consideram apenas um corpo mertincalizado, o que esperar? Depois é chorar por não ser valorizada quando os tratamentos estéticos não causam mais a tal mágica do rejuvenecimento. E ao ser abandonadas pelos seus companheiros por mulheres muito jovens se revoltam. Na verdade elas mesmas que alimentam a ditadura do corpo jovem perfeito, e são cruéis com as mulheres que não estão nesse padrão. E os felizes homens não se preocupam com as suas barrigas, gorduras e calvices. Afinal passam longe da ditadura do corpo perfeito. Os homens são felizes com as mulheres que amam, que os desejam, os valorizam, não importa muito o tipo físico e não é que a beleza é subjetiva. Cada um tem a sua preferência. E a sexualidade é espontânea, lúdica que nasce de uma intimidade amorosa, sincera. Bobagens pensar que os parceiros se preocupam com as imperfeições dos corpos, o desejo, a sexualidade humana, transcende as futilidades pois é algo maior, temos sentimentos, temos um cérebro que comanda as nossas emoções e não é que repassamos a responsabilidade para o coração pois é ele que nos sinaliza ao bater forte em cada contato do casal apaixonado. O melhor é ser companheiros ,viver as alegrias da vida sem se escravizar por futilidades. A mulher pode ser bonita de uma forma ampla, completa tem inteligência e sentimento. O melhor é não aceitar a imposição do corpo perfeito que transforma a mulher em objeto.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Vendedoras

Final de ano, parece-me que todos enlouquecem para vender e comprar um sem números de coisas, mesmo que não sejam úteis . As vendedoras das lojas de roupas, calçados, utilidades e inutilidades domésticas, também badulaques; telefonam ansiosas para nos convidar para ver coleções lindas em promoções com preços fantásticos. Respondo amável que vou visitá-las. Claro que não vou. Interessante que hoje recebi um telefonema com uma voz feminina educada que pergunta-me : A sra já ouviu falar no Bosque da Esperança? Digo:- Sim. Ela:- É que estamos com uma ótima promoção. Digo:- Escuta, que promoção é essa ? (cansada de saber o que era). Ela com um fio de voz : - Jazigos. A sra. já possui algum? Falo:- Sim, tenho na cidade onde nasci. Ela agradece e despede. Sorrio pensativa, deve ser difícil ser vendedora de jazigos, principalmente em final de ano com tantos produtos atraentes. Coitada da vendedora devia ser poupada de oferecer esse produto perto do Natal. Na verdade não deveria existir esse produto, melhor mesmo seriamos nos tornar pó ou cinzas para voltar mais rápido ao seio de nossa MÃE NATUREZA. É mais aconchegante e belo.

domingo, 8 de novembro de 2009

O Segundo tempo

O respeito que tenho por ritos e símbolos traz-me reflexões sobre a vida. A minha família tem uma tradição de cultuar a simbologia de acontecimentos marcantes, como uma herança que passa de geração a geração, como houvesse uma repetição de um filme com atores diferentes. Agora mesmo aconteceu o casamento de meu filho com toda alegria e emoção que temos direito. As vezes criticam-se a cerimonia e a recepção, como bobagens sem necessidade pelos custos financeiros que despendemos. Para mim independente de fé ou de custos ou mesmo o trabalho que temos ao organizar tudo, como manda o figurino, o que conta é o amor e a disposição do casal que em um ato de humildade faz o seu juramento público de um compromisso maior com um projeto de vida a dois. E a alegria do partilhamento com os amigos não tem preço. Na verdade o que se torna sagrado para nós é o que amamos e que partilhamos com nossos amigos. E no passar a limpo o símbolo do casamento do meu filho para mim vem o fechar de um ciclo muito bonito em minha vida, que começou já faz tempo de uma forma muito linda em que o amor floresceu e predominou em uma caminhada feliz. Sim feliz, pois as perdas nunca foram por falta de amor mas as naturais da vida com a sua finitude que nos coloca frente aos conflitos existenciais. E agora vejo- me a frente de um segundo tempo da minha vida . Um ciclo se fecha e o outro que se inicia, o famoso segundo tempo. Certamente um desafio a vencer, nessa caminhada que se chama vida com sonhos e realidade.