terça-feira, 28 de abril de 2009

Isto ( Autor : Fernando Pessoa )

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo.Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!

sábado, 11 de abril de 2009

FRAGUIMENTOS DE MINHA VIDA.

Uma observação de uma amiga fez nascer em mim uma reflexão:qual a razão da dificuldade que as pessoas tem em falar ou escrever sobre seus pensamentos e sentimentos. Entre as probabilidades que surgiram em meus questionamentos: pudor de tornar público suas visões de mundo, receio de críticas(que são ótimas e devem ser respeitadas, mas também podem ser preconceituosas,na medida que não respeitam as opniões do outro), e uma hipótese que certamente existe insegurança (a necessidade sempre da aprovação alheia). E comecei a refletir sobre mim : será que deveria ter mais pudor e recolhimento ao expor as minhas opniões e sentimentos? Ao memo tempo passa em mim uma ousadia. Por que incomodarmos por falar em nossos sentimentos e nossas visões de mundo? Será que nossas opniões sobre vários assuntos e vivências nos fazem mais vulneráveis aos olhos dos outros ? Senti essa pergunta perfeita para mim. Gosto sim de escrever, falar sobre a minha ótica e os vários olhares que lanço ao mundo em que vivemos. Escrevo o que penso,sinto e através de meus poetas, músicas, escritores e suas obras com os quais me identifico exponho minha personalidade. As vezes o que é excelente para mim não é para as outras pessoas. Respeito sempre, pois sempre tenho a convicção que as unanimidades fazem mal.Na minha adolescência a minha personalidade era um pouco além do meu tempo. Soube viver experiências pouco comuns para uma garota do interior e que me enriqueceram como pessoa. Amadureci cedo. Amei e fui amada intensamente!Sinto que é uma ousadia minha escrever sobre mim, tentar poetar sem ter talentos literários. Mostrar o rosto. É a minha personalidade. Não estou aqui na vida "passando", estou vivendo. Penso...logo existo. Se é ser corajosa expor o que gosto e também o que não gosto, sei que não é bem assim mas vamos dizer até meio marota, pois tenho orgulho do que penso, sinto e também da minha visão do "viver". Gosto de caminhar com e, acompanhar o ser humano nos seus sonhos nos caminhos da vida. As vezes penso: por que o homem está sempre em busca de um salvador para sua vida em vez dele mesmo construir uma vida e um mundo melhor aqui e agora e também para as futuras gerações. O Mestre Paulo Freire disse : "A ESPERANÇA É UMA ESPERA COM AÇÃO". Maravilhosamente definitivo.Ter esperança não é esperar que aconteça ou caia dos céus. Afinal temos que agir para conquistar o que buscamos. Sou sim atrevida, quando discordo de umas unanimidades que andam por aí mas não é por achar-me melhor dos que fazem parte do "bloco" do pensamento único, mas sim sou meio esquisita mesmo, não tenho paciência para vida de boiada...

domingo, 5 de abril de 2009

TRECHOS DE OBRAS DO AUTOR: JOÃO GUIMARÃES ROSA.


Cantar, só ,não fazia mal, não era pecado. As estradas cantavam.E ele achava muitas coisas bonitas,e tudo era mesmo muito bonito, como todas as coisas nos caminhos do sertão.

(João Guimarães Rosa,no conto "A HORA E A VEZ de Augusto Matraga".)

"O senhor vê: existe cachoeira; e pois? Mas cachoeira é barranco de chão, e água se caindo por ele, retombando; o senhor consome essa água ,ou desfaz o barranco, sobra cachoeira alguma? Viver é negócio muito perigoso..."

"Sertão. Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar.Viver é muito perigoso..."

"O senhor tolere, isto é sertão. Uns querem que não seja: que situação sertão é por os campos-gerais a fora e dentro,eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucúia. Toleima. Para os de Corinto e do Curvelo, então, o aqui não é dito sertão? Ah,que tem maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez,quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive o seu cristo- jesus, arredado do arrocho de autoridade. O Urucúia vem dos montões oestes. Mas,hoje que na beira dele, tudo dá- fazendões de fazendas, almargem de vargens do bom render, a vazantes; culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas há lá. O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer a prova, o senhor sabe: pão ou pães,é questão de opiniães ...O sertão está em toda parte."

Obs: esses são trechos da fantástica obra de João Guimarães Rosa ,"GRANDE SERTÃO : VEREDAS" . Em alguns trechos o autor é totalmente fiel a linguagem o sertão. E essa característica a torna uma obra universal, magnifica com toda sua genialidade.

sábado, 4 de abril de 2009

RÉQUIEM PARA MATRAGA.(AUTOR: GERALDO VANDRÉ)


Vim aqui só pra dizer
Ninguém há de me calar
Se alguém tem que morrer
Que seja para melhorar
Tanta vida pra viver
Tanta vida se acabar
Com tanto pra se fazer
Com tanto pra se salvar
Você que não me entendeu
Não perde por esperar


Obs: ( Geraldo Vandré, para a trilha musical do filme A HORA E A VEZ DE Augusto Matraga )
Difícil entender como um compositor da qualidade de Vandré, que produziu tantas calindas e com parcerias brilhantes como compositores como Baden Powel, Vinícius de Moraes e outros grandes também.
Ninguém deve se calar: Geraldo Vandré conquistou um lugar definitivo em nossa música e na recente história do Brasil. Será qual a razão do ostracismo de Geraldo Vandré na mídia em todas as suas formas. Felizmente os movimentos sociais buscam inspiração nas músicas de Vandré ,que tem a convicção que não podem-se calar; o amor e as flores vencem a violência das armas. Não tem importância,Vandré você é melhor do que os que te calaram. Os nossos jovens e todos os movimentos sociais cantam seu hino "CAMINHANDO". Difícil encontrar um brasileiro que não conheça ou cante a sempre amada, PRÁ NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES...