quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A memoria

A memoria é uma caixa que se abre sem pedir licença,talvez um pequeno gesto ou um encontro com alguém importante. E foi assim que o tio mais querido  abriu a preciosa caixa onde está parte de sua vida de criança rural. Já foi logo dizendo para o tio que queria visitar a casa de sua infância. O tio deu-lhe um abraço e um sábio conselho:-Minha filha, não vá  visitar a fazenda onde vivemos tantas alegrias. A casa não existe mais. Deram fim até nas pedras. Quando passei por lá, procurei algo que concretamente pertenceu aquela casa, e nada. Sentei no chão e chorei. Ela muito teimosa,ficou em dúvidas se realmente valia a pena ir ver a decadência, o descaso de quem deveria ter cuidado da preciosa herança. Esquisito como a vida prega peças, as pessoas que amavam e preservariam aquele patrimônio não tiveram essa oportunidade. Quem recebeu de mão beijada aquele tesouro,não pediu licença na hora de mandar aquela bela casa para lojas de peças de demolição. Ela resolve por enquanto seguir o conselho do tio mais querido. Sabe que vai mudar de ideia, ainda irá ver a terra arrasada, o que realmente restou do paraíso. Quem sabe encontra pelo menos uma daquelas jaboticabeiras ou algum pé de manga que ficava a beira do corrego. Será que resistiram. Ela fecha os olhos e parece ver um filme de um tempo muito feliz...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Hiroshima

A menina estudante sempre gostou de História do Brasil e também da História de  outros povos. Sempre lia muito. A Segunda Guerra Mundial era um tema que a interessava. Nunca entendeu essa guerra como não entende todas as guerras que estão aí no mundo. Parece que o homem não sabe viver a paz. Vivemos um mundo em que se comemora o fim da Segunda Guerra, mas esquecem das outras guerras do presente, onde as populações civis são mortas em bombardeios. A menina cresceu e a vida lhe deu prêmios,entre tantos uma visita ao Japão. Hoje ao lembrar um dos dias mais tristes da humanidade, 65 anos em que Hiroshima foi arrasada de uma forma cruel  por uma bomba, a lembrança dessa linda e comovente cidade volta a sua memória. Parece que foi ontem, que o jovem casal pegou o trem em Tóquio e seguiu para Hiroshima. Pela janela,aconchegada ao peito de seu companheiro, olhava a linda paisagem de grandes plantações de arroz nas planícies. A chegada a Hiroshima causou-lhe sentimentos surpreendentes: uma linda cidade reconstruída. Um prédio semi-destruído chamou-lhe a atenção, uma lembrança ou advertência para que nunca mais se cometesse tamanha barbaridade. No Memorial Museu, as atrocidades causadas pelo gesto desumano de uma bomba atómica, estão vivas como uma realidade crua, chocante.  Os visitantes em um silêncio respeitoso choravam ao ver seres humanos transformados em bolas de fogo.Uma destruição sem palavras para descrevê-las, mas sim as imagens mostram o horror das bombas e das guerras. Hiroshima  a fez ajoelhar como estivesse diante de um altar,em silêncio uma prece, como fosse possível pedir perdão aquele povo inocente por tamanha crueldade. Pensativa sentiu asco de ser da mesma especíe dos desumanos que não respeitam a vida. Minha amada Hiroshima, com a sua energia e fortaleza continue a ser uma brava mensageira da PAZ.