segunda-feira, 9 de março de 2009

AMAR (Autor: Carlos Drummond De Andrade)

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar,amar?
sempre,e até de olhos vidrados, amar?

Que pode,pergunto, o ser amoroso,
sozinho,em rotação universal, senão
rodar também e amar?
amar o que o mar traz a praia,
o que ele sepulta,e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor,ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito,o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte,e a sua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente,de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

3 comentários:

Regina disse...

Amar... creio que seja o segredo de toda a felicidade!

Amar com o verdadeiro coração...

Querida amiga, um lindo dia à você!!

Beijos!

Maria das Graças disse...

Obrigada Regina pela sua atenção. Amar é a nossa fonte de vida .É o que nos faz melhor ,mais solídários e nos fortalece em nossa caminhada. Adoro seu blog! Beijos.

Cinema, café e poesia disse...

Vim ver seu blog, amo poesias e tenho um blog, também (só de outros autores, as minhas guardo para um futuro livro).