quinta-feira, 4 de março de 2010

Mãe eterna


A filha telefona aflita para a mãe, para que procure um documento importante que não encontra em sua casa. Na verdade ainda não levou parte de sua papelada em sua mudança. A mãe foi eleita guardiã de tantas coisas. Já estava descansando em sua cama, tem preguiça de levantar para atender o pedido da filha, mas no segundo telefonema ouve a voz aflita. Não resiste, pula da cama e se propõe a procurar o bendito papel. Mas nada do papel ,olha o relógio, vê o adiantado das horas,resolve parar de procurar e tomar outro banho. Apesar do frio transpirou demais. Só resta dormir. Quem sabe amanhã... E chega o amanhã, acorda e o corpo não quer se levantar, tem aula de pilates, não pode faltar sua disciplina não permite. Apronta depressa e vai descendo a rua, pensa em sua mãe que era por demais doce e generosa. Engraçado sua mãe vem em seus pensamentos em momentos até certo ponto inusitados. Ela adora a aula de pilates como sempre. Nem acredita que a aula já está no final, deita para o relaxamento. A trilha musical a comove e novamente a mãe vem em seus pensamentos. A mãe que foi morar na cidade com as filhas para que estudassem. Nunca ouviu uma queixa sobre as dificuldades de se adaptar na cidade. Afinal deixou a fazenda onde nasceu e sempre viveu. E o marido só podia vê-las nos fins de semana. Em sua cabeça passa um filme com cenas de ontem em que junto as suas irmãs também protagonistas de uma vida. Há muito tempo se convenceu que ser mãe é estar 24 horas ligada em uma tomada de energia para tentar desempenhar bem seu papel. Agora concluiu que mãe também é eterna. Na verdade sua mãe está ausente materialmente dessa vida, só que continua por demais presente e não é que transformou- se em uma fonte que alimenta e fortalece sua filha para que ela se torne uma melhor mãe. Despede-se e volta para casa pensativa. E continua a procurar o tal documento. Até que desiste de procurar o dito cujo, se convence que não vai encontrá-lo nesta casa. A sua filha chega sem graça e diz que o "famoso desaparecido", estava em uma pasta branca em sua casa. Olha para a filha...A mãe tem fama de ser mágica para encontrar tudo que está perdido... Agora manda as favas essa fama. De agora em diante cada um que cuide de sua papelada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ela é tão linda não é!
Bjs.

Maria Fe disse...

que lindo texto!
Engraçado como às vezes achamos que somos independentes, o que mais queremos é a liberdade, especialmente nessa minha idade, mas aí chega uma hora em que aparece o velho e bom apelo: manhêeeeeeee! rs
ótimo domingo, minha amiga!
beijao