domingo, 18 de outubro de 2009

Oh, Minas Gerais .


Uma simples notícia nos jornais : Mineradoras vão explorar minérios em Guanhães. Essa bela cidade que o escritor Roberto Drummond chamava carinhosamente de Guanhães Cruz y Almas . Dai surgem os questionamentos que povoam minha cabeça desde meus 15 anos em que espantava -me com esse orgulho infeliz de pessoas que viviam em cidades de mineração. Quanta ingenuidade considerar progresso essa devastação do meio-ambiente. Considero esse um dos dilemas de minha terra Minas Gerais. E que dilemas? Alguns filhos dessa terra consideram seu solo abençoado pelas riquezas minerais de suas entranhas , outros como eu consideram uma maldição tantas riquezas que a devastam, esburacam desde a época colonial. Recebe algo em troca ? Nada que pague a devastação de seu solo, suas matas, montanhas e rios (que se transformam em lama ao lavar minérios). A cidade de Belo Horizonte tem como um de seus símbolos a Serra do Curral , só que para os bem informados a serra não existe de fato ou seja um lado dela é como se fosse oca (crateras sem fim). E a cidade de Itabira terra do poeta Drummond, foi devastada por uma minedora que trocou seu nome, (não quer seu nome vinculado a região onde nasceu ), faz propaganda que é a empresa privada (pivatizada com dinheiro do BNDES)que mais investe investe no país e cuida do meio ambiente. Que nada , quem conhece Itabira sabe o que foi feito em sua paisagem. Houve uma época absurda que a cidade era conhecida por ser berço dessa mineradora e não terra do nosso poeta maior Carlos Drummond de Andrade. A poesia de Drummond não sensibilizava os itabiranos. Os filhos de Itabira orgulhavam -se das escavadeiras a trabalharem rasgando o pico do Cauê e os trens da Vitória - Minas carregados de minério de ferro para ser embarcados para o mundo inteiro. E nada mais valia, senão o ferro e o ouro. Nesse tempo esquisito a casa da fazenda em que Drummond viveu foi desmanchada pela mineradora, a matriz ( do Padre Zé Lopão) no centro de Itabira em uma madrugada desabou por falta de recursos financeiros para sua manutenção, a calçada de pés de moleque foi retirada sem piedade (dizem as línguas ferinas que a calçada era valiosa). E o poeta escreve a beleza de"Itabira um retrato na parede", uma verdade que os seus conterrâneos interpretaram com magoa. Como o mundo dá suas voltas e aconteceu o que deviam ter previsto , a mineradora hoje considera Itabira sem importância retirou seu grande escritório de lá e o time de futebol Valério Doce não existe mais por falta de patrocínio. Ainda bem que houve uma inversão de valores, hoje Itabira é conhecida por ser a terra de Drummond e está em paz com o poema "Itabira um retrato na parede". Meu Deus tenha piedade das montanhas e solo das Minas Gerais.

5 comentários:

Anônimo disse...

Mais um ótimo texto Maria!
Mas o orgulho não é uma unanimidade por aqui não, existe muitos movimentos em favor das montanhas, pequenos, mas existem.
Bjs minha querida.

Maria das Graças disse...

Oi Fátima, só agora relegados ao segundo plano pela mineradora os itabiranos estão acordando de um sono, graças a Deus agora pensam nas montanhas, antes tarde do que nunca.Imagino você aí ao olhar o hoizonte de Itabira exclamando como Drummond: E como doi!

Beijos.

Luna disse...

É triste que o lucro, que o monetario seja o que move um povo, o nosso mundo a nossa casa parece que para alguns pouco importa, assim estamos a dizimar o que nde belo e puro existe.
beijinhos

Cris França disse...

Maria

deixei um selinho para vc no meu blog espero que aceite e que goste. beijos!

Regina disse...

Querida amiga, já tive o grande prazer de visitar Minas e as suas riquezas naturais me encantaram...

Espero que toda essa maravilha não se esgote jamais, apesar da ganância alheia...


Deixei um presentinho para você lá no "Devaneios", espero que goste, foi uma forma de comemorar o aniversário do blog e, consequentemente, esta linda amizade que tenho por ti...

Beijo, ótimo domingo!!